quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Quando entrei na sala ela estava lixando as unhas do pé. Peguei o copo de cima da estante e sem levantar o rosto ela disse "já peguei água", coloquei o copo de volta e sai.
Todas as noites eu pego água para ela, mas ontem ela não quis.
Sentei no sofá e senti seu cheiro, não sei como ela consegue ter aquele cheiro tão gostoso, parece morango, ou outra coisa que cheira bem. Deve ser o creme cor-de-rosa que ela passa.
Olhei para ela mas não vi o seu rosto, o cabelo molhado o cobria me impedindo de contemplar sua beleza, e quando ela se levantou eu disfarcei olhando para a TV, ela deitou e se cobriu, estava brava.
Me deitei e virei, assisti um programa qualquer procurando diversão e ri para fingir que estava bem, na verdade eu nem me lembro o que estava passando só queria mesmo fingir que eu não me importava, tolo que fui.
Ela adormeceu antes que eu pudesse sentir seus lábios, aquela noite tão fria quanto estar na neve só de bermuda.



Borghetti, Maísa.