quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Por um mundo com mais amor

Onde é que mora o problema em amar e ser amado no século XXI?
Em fazer cartas românticas, loucuras de amor, perder tardes inteiras pensando num presente que faça o outro sorrir?
Qual o problema em gostar das coisas mais simples, mais românticas, mais sensíveis?
Eu, por exemplo, se ganhar um céu estrelado já está de bom tamanho. O que pode ser melhor que um céu estrelado?
Eu olho para cima ele me sorri, e eu devolvo o riso rindo, e se olho para o lado todos riem de mim e dizem "o céu não pode ser seu." como se realmente não pudesse.
O que será de mim se pensar que o impossível não me pertence? Me pertence quando eu quero que pertença.
E o céu me pertence, eu ganhei.
Quando pequena eu tinha um leão, ele morreu, e eu sempre choro quando conto essa história. Algumas pessoas acham fofo, outras me olham com reprovação como quem diz "você não tem mais 7 anos para dizer que o leão é seu." e eu nem ligo, o leão era meu, era todo meu. Eu o visitava sempre que meu pai me levava, penso que se hoje ele ainda estivesse vivo eu o visitaria todos os finais de semana.
Por que você não me levava para ver o Greg todos os finais de semana papai?
Quando eu tiver uma filha lhe darei uma árvore, e ela terá para sempre sombra e descanso. Se puxar à mim vai passar horas e horas escrevendo coisas tolas e escondendo dentro do caderno, não na última folha, mas nas do meio que ninguém nunca procura.
Ou um rio, e ela nunca se sentirá sozinha.
Para onde foi a sensibilidade e a esperança das pessoas?
Ou teriam se tornado humanos de mais e sensíveis de menos?
Esconderam os musicos, os poetas, os apaixonados. E o que restou? Músicas para os pés e só?
Amores sem sentido? Namoros sem paixão? Tardes acompanhadas, e frias?
"Andar de bicicleta é passeio de índio, isso eu fazia quando era criança com meus pais." é o que ouço para todo lado. Não se faz mais amores como nas músicas de Chico e Tom, as que cresci ouvindo e esperei por tanto tempo.
Se encontrei a minha metade é porque procurei, me fiz ser, o fiz ser ou o que?
Me sinto fora dos padrões, sou romântica de mais, dizem que o mal é da idade.
Entenda, só se pode amar e fazer cartas, loucuras, ser apaixonado até os 25, depois disso esqueça. Você não deve demonstrar afeto.
Ah, quero cervejas que embalem sambas e olhares apaixonados no fim da noite, deitados no chão olhando o céu ouvindo aquela música que toca só dentro da nossa cabeça. 
Com pedaços de papel entregues à alguém com açucar, com afeto. Essa modernidade toda está acabando o que chamamos de romantismo, o último romântico está cada vez mais perto.
Por um mundo menos moderno, um caderno e um lápis apontado.




Borghetti, Maísa.

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