quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Mais simples

Tudo o que eu quero é uma vida simples, sem muita cobrança de sentimentos, cobranças de si, apenas simples.
Sem muitos apetrechos, sem glamour, sem nada disso que encanta e faz os olhos brilharem, eu quero mais amor, mais simplicidade e delicadeza.
Sem esperar grandes novidades, sem me decepcionar com a falta delas, a simplicidade nos faz ser feliz até mesmo sem todas essas coisas.
Simples. Nada combinado, nada para impressionar, apenas belo e simples. A simplicidade por si já é encantadora. Tudo o que é simples é sincero, e tudo que é sincero é amor, e tudo que é amor é eterno.



Borghetti, Maísa.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Fabrício Carpinejar

Pensava que escrevia por timidez, por não saber falar, pelas dificuldades de encarar a verdade enquanto ardia, arvorava, arfava. Há muitos que ainda acreditam que começaram a escrever pela covardia de abrir a boca. Nas cartas de amor, por exemplo, eu me declarava para quem gostava pelo papel, e não pela pele, ainda que o caderno seja pele de um figo. O figo, assim como a literatura, é descascado com as unhas, dispensando facas e canivetes. Não sei descascar laranjas e olhos com as unhas, e sim com os dentes. Com as mãos, sei descascar a boca do figo e o figo da boca, mais nada. Acreditei mesmo que escrever era uma fuga, pedra ignorada, silêncio espalhado, um subterfúgio, que não estava assumindo uma atitude e buscava me esconder, me retrair, me diminuir. Mas não. Escrever é queimar o papel de qualquer forma. Desde o princípio, foi a maior coragem, nunca uma desistência, nunca um recuo, e sim avanço e aceitação. Deixar de falar de si para falar como se fosse o outro. Deixar a solidão da voz para fazer letra acompanhada, emendada, uma dependendo da próxima garfada para alongar a respiração. Baixa-se o rosto para levantar o verbo. É necessário mais coragem para escrever do que falar, porque a escrita não depende só de ti. Nasce no momento em que será lida.



Carpinejar, Fabrício.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

(RE)inventar. (RE)começar. Recomeçar.

Do (RE)começo nasce o erro. Porque todo recomeço (meu) é baseado em todos os meus não's anteriores. Pois bem, não recomeçar é o que vale. Começar é começar, não precisa de RE nenhum. Aliás, quem coloquei aquele RE escondido ali em cima? 
Vê lá, tem gente demais dando pitaco no meu começo, no meu livro, livreto, cordel, sei lá o que. Quanta auto-ajuda, sai pra lá.

Me deixa, deixa eu que hoje vou ser Dom. É, esse mesmo. O Quixote, Dom Quixote, aquele lá que quando voltou percebeu que não é herói, sabe? Chega disso, quanto tempo eu já perdi aqui com tanta explicação? Não lhe devo explicação alguma, anônimo e raro leitor. Nem mesmo a mim leitora de minhas próprias palavras. Quem explica a vida, não vive, siga o conselho do mestre "Não passe pela vida. Viva". Ora, Chaplin colocou tão bem as palavras que seria inútil contrariá-lo.

Mas chega de prosa que eu já me cansei de lero-lero, vocês estão me atrapalhando. Para de me ler que minha letra não é boa e quase não se entende aquilo que se lê, a culpa é da minha mãe, eu só sei que as palavras são bonitas, a letra já é com ela, nem vem, vá ler o livro de alguém e me deixe aqui com o meu, anda logo que já deu a hora. Vá, mas depois volte aqui para mais um dedinho de prosa, traz alguém que eu sou nova e quero conversar com gente antiga, que isso é bom para o conhecimento de gente que ainda não viveu muita coisa, e precisa de ajuda para escrever um livro.



Borghetti, Maísa.